"Sempre gostei de andar de salto agulha na beira do penhasco, saboreando o perigo e sentindo o vento borrar minha maquiagem e bagunçar meus cabelos. Costumava correr na beirada, sabendo que um passo significaria o fim. Corria com uma garrafa de vodca das mais baratas na mão e um cigarro torto e mal aceso entre os dedos amarelos, cambaleando entre a vida e a morte, achando que ali estava a prova que na vida havia algum sentido. Como cortar para ver o sangue escorrer, como roubar para correr o risco de ser pego, como mentir para driblar os outros, viver à beira do penhasco causando a maior das adrenalinas. Eu fui uma amante fiel do perigo. Nunca escondi os gemidos de prazer que me proporcionava nas profundezas dos meus lençóis. Era tudo tão excitante, era tudo tão ilusório..."